A Marcha de Mulheres Negras se aproxima... Será no dia 18 de Novembro de 2015 em Brasília. Aqui no Estado do Rio de Janeiro, tem uma Coordenação Estadual da Marcha que está organizando e tentando viabilizar a ida do maior número possível de Mulheres Negras possível.
Muito embora o CENIERJ, como instituição não esteja representado no Comitê Impulsor Estadual, muitas de nós, através de nossas próprias entidades ou redes a que fazemos parte, ou até mesmo de maneira individual já estamos participando e nos organizando para a ida.
Queremos, entretanto, saber quais são as Mulheres de nosso coletivo que pretendem ir a Marcha ou que já se encontram articuladas para ir, através de outro coletivo que possamos nos identificar e encontrar em algum momento durante a atividade, uma vez que agora temos uma COORDENADORA DE MULHERES (Luciana Ferreira do GETHOMN - Saquarema) em nossa instituição, com a finalidade de dar mais capilaridade e organicidade.
Queremos, entretanto, saber quais são as Mulheres de nosso coletivo que pretendem ir a Marcha ou que já se encontram articuladas para ir, através de outro coletivo que possamos nos identificar e encontrar em algum momento durante a atividade, uma vez que agora temos uma COORDENADORA DE MULHERES (Luciana Ferreira do GETHOMN - Saquarema) em nossa instituição, com a finalidade de dar mais capilaridade e organicidade.
O tempo é curto... Teremos uma faixa; uma Camisa do Cenierj-Marcha; algum material de trabalho, um boletim informativo, algo que nos identifique e deixe a nossa marca nesse momento histórico. O que acham?
De qualquer forma, quem ainda não se apropriou dessa informação abaixo tem o Link, onde terá acesso ao Manifesto, o qual também reproduzimos a seguir, para facilitar a leitura:
http://www.mulheresdocabo.org.br/wpimagens/2014/08/manifesto_negras_site.pdf
Manifesto da Marcha das Mulheres Negras 2015 contra o
Racismo e a Violência e pelo Bem Viver
Nós, mulheres negras brasileiras, descendentes das aguerridas quilombolas e
que lutam pela vida, vimos neste 25 de Julho – Dia da Mulher
Afrolatinoamericana e Afrocaribenha denunciar a ação sistemática do racismo e
do sexismo com que somos atingidas diariamente mediante a conivência do
poder público e da sociedade, com a manutenção de uma rede de privilégios e
de vantagens que nos expropriam oportunidades de condição e plena
participação da vida social.
Nesta data vimos visibilizar a incidência do racismo e do sexismo em nossas
vidas, assim como as nossas estratégias de sobrevivência, nosso legado
ancestral e nossos projetos de futuro e afirmar que a continuidade de nossa
comunidade, da nossa cultura e dos nossos saberes se deve única e
exclusivamente, a nós, mulheres negras. Transcorrido esse marco histórico e a
atualidade de nossas lutas, nos valemos do Dia da Mulher Afrolatinoamericana
e Afrocaribenha para anunciar a realização da Marcha das Mulheres Negras
2015 Contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver, que realizaremos em 13
de maio do próximo ano, em Brasília.
Somos 49 milhões de mulheres negras, isto é, 25% da população brasileira.
Vivenciamos a face mais perversa do racismo e do sexismo por sermos negras e
mulheres. No decurso diário de nossas vidas, a forjada superioridade do
componente racial branco, do patriarcado e do sexismo, que fundamenta e
dinamiza um sistema de opressões que impõe, a cada mulher negra, a luta pela
própria sobrevivência e de sua comunidade. Enfrentamos todas as injustiças e
negações de nossa existência, enquanto reivindicamos inclusão a cada
momento em que a nossa exclusão ganha novas formas.
Impõe-se na luta pela terra e pelos territórios quilombolas, de onde tiramos o
nosso sustento e mantemo-nos ligadas à ancestralidade.
A despeito da nossa contribuição, somos alvo de discriminações de toda ordem,
as quais não nos permitem, por gerações e gerações de mulheres negras,
desfrutarmos daquilo que produzimos.
Fomos e continuamos sendo a base para o desenvolvimento econômico e
político do Brasil sem que a distribuição dos ativos do nosso trabalho seja
revertida para o nosso próprio benefício.
Consideramos que, mesmo diante de um quadro de mobilidade social pela via
do consumo, percebido nos últimos anos, as estruturas de desigualdade de raça
e de gênero mantêm-se por meio da concentração de poder racial, patriarcal e
sexista, alijando a nós, mulheres negras, das possibilidades de desenvolvimento
e disputa de espaços como deveria ser a máxima de uma sociedade justa,
democrática e solidária.
Não aceitamos ser vistas como objeto de consumo e cobaias das indústrias de
cosméticos, moda ou farmacêutica. Queremos o fim da ditadura da estética
europeia branca e o respeito à diversidade cultural e estética negra. Nossa luta
é por cidadania e a garantia de nossas vidas.
Estamos em Marcha para exigir o fim do racismo em todos os seus modos de
incidência, a exemplo da saúde, onde a mortalidade materna entre mulheres
negras estão relacionadas à dificuldade do acesso aos serviços de saúde, à baixa
qualidade do atendimento recebido aliada à falta de ações e de capacitação de
profissionais de saúde voltadas especificamente para os riscos a que as
mulheres negras estão expostas; da segurança pública cujos operadores e
operadoras decidem quem deve viver e quem deve morrer mediante a omissão
do Estado e da sociedade para com as nossas vidas negras.
Denunciamos as batalhas solitárias contra a drogadição e a criminalização do
nosso povo e contra a eliminação de nossas filhas e filhos pelas forças policiais
e pelo tráfico, há muito tempo! Denunciamos o encarceramento desregrado de
nossos corpos, vez que representamos mais de 60% das mulheres que ocupam
celas de prisões e penitenciárias deste país.
Ao travarmos batalhas solitárias por justiça num quadro de extrema violência
racial, denunciamos a cruel violência doméstica que vem levando aos maus
tratos e homicídios de mulheres negras, silenciados em dados oficiais. Lutamos
pelo fim do racismo estrutural patriarcal que promove a inoperância do poder
público e da sociedade sobre a exterminação da nossa população negra.
Estamos em marcha para reivindicamos o livre culto de nossas divindades de
matriz africana sem perseguições, nem profanações e depredações de nossos
templos sagrados.
Estamos em marcha contra a remoção racista das populações das localidades
onde habitam.Lutamos por moradia digna; por cidades que não limitem nosso
direito de ir e vir e contra a segregação racial do espaço urbano e rural; por
transporte coletivo de qualidade; por condições de trabalho decente nas
diferentes profissões que exercemos. Valorizamos nosso patrimônio imaterial
em terreiros, escolas de samba, blocos afros, carimbó, literatura e todas as
demais manifestações culturais, definidoras da nossa identidade negra.
Estamos em marcha porque somos a imensa maioria das que criam nossos filhos
e filhas sozinhas, as chefes de famílias, com parcos recursos e o suor de nosso
único e exclusivo trabalho.
Estamos em Marcha:
pelo fim do femicídio de mulheres negras e pela visibilidade e garantia de
nossas vidas;
pela investigação de todos os casos de violência doméstica e assassinatos
de mulheres negras, com a penalização dos culpados;
pelo fim do racismo e sexismo produzidos nos veículos de comunicação
promovendo a violência simbólica e física contra as mulheres negras;
pelo fim dos critérios e práticas racistas e sexistas no ambiente de
trabalho;
pelo fim das revistas vexatórias em presídios e as agressões sumárias às
mulheres negras em casas de detenções;
pela garantia de atendimento e acesso à saúde de qualidade às mulheres
negras e pela penalização de discriminação racial e sexual nos
atendimentos dos serviços públicos;
pela titulação e garantia das terras quilombolas, especialmente em nome
das mulheres negras, pois é de onde tiramos o nosso sustento e
mantemo-nos ligadas à ancestralidade;
pelo fim do desrespeito religioso e pela garantia da reprodução cultural
de nossas práticas ancestrais de matriz africana;
pela nossa participação efetiva na vida pública.
Buscamos num processo de protagonismo político das mulheres negras, em que
nossas pautas de reivindicação tenham a centralidade neste país. Nosso ponto
de chegada e início de uma nova caminhada é 18 de Novembro de 2015 – Dia Nacional
de Luta contra o Racismo – em Brasília/DF.
Conclamamos, a todas as mulheres negras, para que se juntem a esse processo
organizativo, nos locais onde estiverem, e a se integrarem nessa Marcha pela
nossa cidadania.
Imbuídas da nossa força ancestral, da nossa liberdade de pensamento e ação
política, levantamo-nos – nas cinco regiões deste país – para construir a Marcha
das Mulheres Negras contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver, para que
o direito de vivermos livres de discriminações seja assegurado em todas as
etapas de nossas vidas.
ESTAMOS EM MARCHA!
“UMA SOBE E PUXA A OUTRA!”
Brasil, 25 de Julho de 2014.
COMITÊ IMPULSOR NACIONAL DA MARCHA DAS MULHERES NEGRAS CONTRA O
RACISMO E A VIOLÊNCIA E PELO BEM VIVER2015