domingo, 25 de outubro de 2015

NOSSOS PASSOS VÊM DE LONGE: #MARCHADASMULHERESNEGRAS2015

A Marcha de Mulheres Negras se aproxima... Será no dia 18 de Novembro de 2015 em Brasília. Aqui no Estado do Rio de Janeiro, tem uma Coordenação Estadual da Marcha que está organizando e tentando viabilizar a ida do maior número possível de Mulheres Negras possível. 
Muito embora o CENIERJ, como instituição não esteja representado no Comitê Impulsor Estadual,  muitas de nós, através de nossas próprias entidades ou redes a que fazemos parte, ou até mesmo de maneira individual já estamos participando e nos organizando para a ida. 
Queremos, entretanto, saber quais são as Mulheres de nosso coletivo que pretendem ir a Marcha ou que já se encontram articuladas para ir, através de outro coletivo que possamos nos identificar e encontrar em algum momento durante a atividade, uma vez que agora temos uma COORDENADORA DE MULHERES (Luciana Ferreira do GETHOMN - Saquarema) em nossa instituição, com a finalidade de dar mais capilaridade e organicidade.
O tempo é curto... Teremos uma faixa;  uma Camisa do Cenierj-Marcha; algum material de trabalho, um boletim informativo, algo que nos identifique e deixe a nossa marca nesse momento histórico. O que acham?



De qualquer forma, quem ainda não se apropriou dessa informação abaixo tem o Link, onde terá acesso ao Manifesto, o qual também reproduzimos a seguir, para facilitar a leitura:

http://www.mulheresdocabo.org.br/wpimagens/2014/08/manifesto_negras_site.pdf


Manifesto da Marcha das Mulheres Negras 2015 contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver  

Nós, mulheres negras brasileiras, descendentes das aguerridas quilombolas e que lutam pela vida, vimos neste 25 de Julho – Dia da Mulher Afrolatinoamericana e Afrocaribenha denunciar a ação sistemática do racismo e do sexismo com que somos atingidas diariamente mediante a conivência do poder público e da sociedade, com a manutenção de uma rede de privilégios e de vantagens que nos expropriam oportunidades de condição e plena participação da vida social. Nesta data vimos visibilizar a incidência do racismo e do sexismo em nossas vidas, assim como as nossas estratégias de sobrevivência, nosso legado ancestral e nossos projetos de futuro e afirmar que a continuidade de nossa comunidade, da nossa cultura e dos nossos saberes se deve única e exclusivamente, a nós, mulheres negras. Transcorrido esse marco histórico e a atualidade de nossas lutas, nos valemos do Dia da Mulher Afrolatinoamericana e Afrocaribenha para anunciar a realização da Marcha das Mulheres Negras 2015 Contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver, que realizaremos em 13 de maio do próximo ano, em Brasília. Somos 49 milhões de mulheres negras, isto é, 25% da população brasileira. Vivenciamos a face mais perversa do racismo e do sexismo por sermos negras e mulheres. No decurso diário de nossas vidas, a forjada superioridade do componente racial branco, do patriarcado e do sexismo, que fundamenta e dinamiza um sistema de opressões que impõe, a cada mulher negra, a luta pela própria sobrevivência e de sua comunidade. Enfrentamos todas as injustiças e negações de nossa existência, enquanto reivindicamos inclusão a cada momento em que a nossa exclusão ganha novas formas. Impõe-se na luta pela terra e pelos territórios quilombolas, de onde tiramos o nosso sustento e mantemo-nos ligadas à ancestralidade. A despeito da nossa contribuição, somos alvo de discriminações de toda ordem, as quais não nos permitem, por gerações e gerações de mulheres negras, desfrutarmos daquilo que produzimos. Fomos e continuamos sendo a base para o desenvolvimento econômico e político do Brasil sem que a distribuição dos ativos do nosso trabalho seja revertida para o nosso próprio benefício. Consideramos que, mesmo diante de um quadro de mobilidade social pela via do consumo, percebido nos últimos anos, as estruturas de desigualdade de raça e de gênero mantêm-se por meio da concentração de poder racial, patriarcal e sexista, alijando a nós, mulheres negras, das possibilidades de desenvolvimento e disputa de espaços como deveria ser a máxima de uma sociedade justa, democrática e solidária. Não aceitamos ser vistas como objeto de consumo e cobaias das indústrias de cosméticos, moda ou farmacêutica. Queremos o fim da ditadura da estética europeia branca e o respeito à diversidade cultural e estética negra. Nossa luta é por cidadania e a garantia de nossas vidas. Estamos em Marcha para exigir o fim do racismo em todos os seus modos de incidência, a exemplo da saúde, onde a mortalidade materna entre mulheres negras estão relacionadas à dificuldade do acesso aos serviços de saúde, à baixa qualidade do atendimento recebido aliada à falta de ações e de capacitação de profissionais de saúde voltadas especificamente para os riscos a que as mulheres negras estão expostas; da segurança pública cujos operadores e operadoras decidem quem deve viver e quem deve morrer mediante a omissão do Estado e da sociedade para com as nossas vidas negras. Denunciamos as batalhas solitárias contra a drogadição e a criminalização do nosso povo e contra a eliminação de nossas filhas e filhos pelas forças policiais e pelo tráfico, há muito tempo! Denunciamos o encarceramento desregrado de nossos corpos, vez que representamos mais de 60% das mulheres que ocupam celas de prisões e penitenciárias deste país. Ao travarmos batalhas solitárias por justiça num quadro de extrema violência racial, denunciamos a cruel violência doméstica que vem levando aos maus tratos e homicídios de mulheres negras, silenciados em dados oficiais. Lutamos pelo fim do racismo estrutural patriarcal que promove a inoperância do poder público e da sociedade sobre a exterminação da nossa população negra. Estamos em marcha para reivindicamos o livre culto de nossas divindades de matriz africana sem perseguições, nem profanações e depredações de nossos templos sagrados. Estamos em marcha contra a remoção racista das populações das localidades onde habitam.Lutamos por moradia digna; por cidades que não limitem nosso direito de ir e vir e contra a segregação racial do espaço urbano e rural; por transporte coletivo de qualidade; por condições de trabalho decente nas diferentes profissões que exercemos. Valorizamos nosso patrimônio imaterial em terreiros, escolas de samba, blocos afros, carimbó, literatura e todas as demais manifestações culturais, definidoras da nossa identidade negra. Estamos em marcha porque somos a imensa maioria das que criam nossos filhos e filhas sozinhas, as chefes de famílias, com parcos recursos e o suor de nosso único e exclusivo trabalho. Estamos em Marcha: pelo fim do femicídio de mulheres negras e pela visibilidade e garantia de nossas vidas; pela investigação de todos os casos de violência doméstica e assassinatos de mulheres negras, com a penalização dos culpados; pelo fim do racismo e sexismo produzidos nos veículos de comunicação promovendo a violência simbólica e física contra as mulheres negras; pelo fim dos critérios e práticas racistas e sexistas no ambiente de trabalho; pelo fim das revistas vexatórias em presídios e as agressões sumárias às mulheres negras em casas de detenções; pela garantia de atendimento e acesso à saúde de qualidade às mulheres negras e pela penalização de discriminação racial e sexual nos atendimentos dos serviços públicos; pela titulação e garantia das terras quilombolas, especialmente em nome das mulheres negras, pois é de onde tiramos o nosso sustento e mantemo-nos ligadas à ancestralidade; pelo fim do desrespeito religioso e pela garantia da reprodução cultural de nossas práticas ancestrais de matriz africana; pela nossa participação efetiva na vida pública. Buscamos num processo de protagonismo político das mulheres negras, em que nossas pautas de reivindicação tenham a centralidade neste país. Nosso ponto de chegada e início de uma nova caminhada é 18 de Novembro de 2015 – Dia Nacional de Luta contra o Racismo – em Brasília/DF. Conclamamos, a todas as mulheres negras, para que se juntem a esse processo organizativo, nos locais onde estiverem, e a se integrarem nessa Marcha pela nossa cidadania. Imbuídas da nossa força ancestral, da nossa liberdade de pensamento e ação política, levantamo-nos – nas cinco regiões deste país – para construir a Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver, para que o direito de vivermos livres de discriminações seja assegurado em todas as etapas de nossas vidas. 

ESTAMOS EM MARCHA! “UMA SOBE E PUXA A OUTRA!” 
Brasil, 25 de Julho de 2014. 
COMITÊ IMPULSOR NACIONAL DA MARCHA DAS MULHERES NEGRAS CONTRA O RACISMO E A VIOLÊNCIA E PELO BEM VIVER2015 

Um comentário:

  1. Amadas companheiras de embates, lutas e jornadas. Prossigamos rumo ao objetivo maior que é o de incluir na pauta, das demandas sociais aquilo que é importante e necessário, ao empoderamento da população negra. Socializou o Manifesto a fim de que o mesmo possa ser lido pelos amigos da nossa rede, com a finalidade de que percebam que, para além de todo exposto, o que se propõe é da seara dos Direitos Humanos, Políticos, Sociais, Econômicos etc. Vamos lá! Mulheres: Seres nascidos para mudar o mundo. Tidas essas construções tem nossa marca como eixo, corrente, tarefa e presença central. Queremos mais! Podemos mais. Alcançaremos mais! A história do povo negro se torna em nada se não Marchamos! BRASÍLIA É NOSSA! Se não é, deveria.

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